A medida que vamos vivenciando novas experiências na caminhada como comunidade orgânica, percebemos com maior clareza, os elementos que constituem a essência de ser e viver como organismo vivo, sem o peso das muitas prerrogativas inerentes ao modelo institucional.
Nossos encontros nos conduzem a reflexões acerca dos valores pelos quais devemos lutar, e aqueles que devemos reputar como menos importantes ou sem valor algum para a nossa proposta de caminhada.
Os muitos questionamentos me levaram a esboçar brevemente algumas das marcas que considero serem essenciais ao viver da igreja orgânica. Tais elementos descrevem a nossa realidade, e por isso, merecem destaque.
A Palavra – Ser igreja orgânica não é algo novo. Na verdade é um retorno à simplicidade dos primeiros cristãos, conforme o modelo de Atos dos Apóstolos. Como aquele grupo em Jerusalém, nós também nos dedicamos: “perseveravam na doutrina dos apóstolos (At. 2.42). Entendemos que a doutrina é a base para a nossa fé, e todas as manifestações inerentes a mesma.
Nossos encontros são marcados pela meditação na Palavra, estudos, ponderações, etc. Tomamos a doutrina reformada como base para reflexões, pois a mesma fundamenta-se na soberania de Deus, e a partir dela descreve os decretos divinos para com os homens. Como os reformadores, entendemos que “Sola Scriptura”, pode ser a base para a caminhada de fé da igreja.
Desejamos crescer devidamente embasados nos princípios bíblicos, e com base nos mesmos, estarmos aptos para discernir e julgar os muitos ensinos errôneos. Por isso, buscamos ler, estudar e meditar na Palavra, a fim de viver por ela e participar ativamente das conversas, debates e reflexões ocorridas durante nossos encontros.
A Comunhão – Falar de comunhão na caminhada da igreja, é como “chover no molhado”, pois, ser igreja implica em relacionamento com outras pessoas que professam a mesma fé no evangelho. A comunhão no contexto orgânico é algo natural, constante e inevitável, não dependendo de fórmulas, programas ou eventos. É apenas fruto da vida, dos encontros, das conversas, das risadas, das lágrimas; de tudo aquilo que o Soberano Deus nos permite desfrutar juntos.
Novamente nos reportamos aos cristãos primitivos, pois, como eles, também encaramos o desafio: “perseveravam na comunhão”(At. 2.42). Somos iguais, e igualmente ungidos pelo Espírito Santo. Não há um grupo seleto, nem um clero. Estamos debaixo da mesma e única cobertura espiritual, a graça divina. Isso nos faz andar próximos e aprender a ouvir e compartilhar uns com os outros. Nossos encontros são marcados pela descontração, informalidade e abertura à participação. Costumamos nos assentar em volta da mesa, saboreando um delicioso café, almoço ou pizza. Não importa o cardápio, o que realmente importa é estarmos juntos.
A proximidade promovida pela expressão orgânica da igreja impossibilita impessoalidade. Podemos afirmar que somos amigos que partilham da mesma fé e esperança no Deus soberano, e voluntariamente sentem prazer em estar juntos (Sl. 133).
A Informalidade – A informalidade é outras das características essências da igreja orgânica. Nos reunimos em ambientes informais (casa, salão de festas, etc), agimos com naturalidade, sem nos preocupar com o uso de jargões. Conversamos como irmãos e amigos. Cada um se expressa com base em sua realidade de vida. Exaltamos a conversa franca, sobre os vários temas que surgem durante os encontros, possibilitando a participação de quem assim o desejar.
A naturalidade na maneira como manifestamos nossa fé, nos mantém livres da necessidade de captar recursos financeiros. Não temos nenhuma estrutura institucional para manter, nem pessoas contratadas a serem pagas. Quando surge alguma necessidade pessoal ou decidimos partilhar alguma refeição, todos são convidados a cooperar, cada um de acordo com suas posses.
A Sensibilidade – Andar próximos nos permite enxergar com mais facilidade a realidade uns dos outros. Sendo assim, o evangelho nos convida a sermos sensíveis e estamos abertos para ajudar, segundo a necessidade e possibilidade de cada um. Em dados momentos basta um olhar, um abraço, um aperto de mão; em outros, faz-se necessário chorar junto, interceder, abrigar ou contribuir materialmente.
Deve ser natural que a prática dos princípios de evangelho seja uma realidade presente no nosso viver, e a partir de nós seja manifestos a todos (At. 2.47; 4.32-35). O maior sinal da presença divina em nós deve ser o amor (1 Co. 13).
Beijo na testa!
Riva
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