“E
seu Pai, que vê o que é feito em secreto, o recompensará”
(Mt 6.4)
Interessante
observarmos como questões cruciais do dia a dia, são tratadas na
perspectiva divina. Sobretudo aquelas que geralmente ganham maior
destaque, quando as pessoas tentam demonstram publicamente sua fé.
Notemos por exemplo, como Jesus expõe o tema das “esmolas” e a
“oração”. Em ambos os casos, o Mestre, difere completamente das
praticas adotadas pelos religiosos.
Em
relação ao compartilhar doações (“esmolas”), os religiosos
faziam questão de demonstrar o que doavam, quanto doavam e como
doavam. A princípio, o foco não era o suprimento dos necessitados,
mas, a “piedade” dos doadores. Com isto, eles julgavam estar
agradando a Deus. Esta é tendência humana. Todavia, Jesus deixou
claro que as fanfarrices religiosas não demonstram o verdadeiro
espírito da fé cristã. O cristão deve compartilhar de forma
anônima: “Quando você der esmola, não anuncie isso com
trombetas...” (Mt 6.2); “... Que sua mão esquerda não saiba o
que está fazendo a direita” (Mt 6.3).
No
caminho do evangelho de Jesus, compartilhar com os necessitados, está
longe de ser uma abertura para a proclamação publica ou estratégia
de marketing para arrecadação de mais recursos, muito menos
justificativa para quaisquer outras questões. Trata-se apenas da
expressão singela do amor cristão, sem nenhuma prerrogativa de
barganha ou coisa similar.
Outro
tema relevante nessa questão é a abordagem feita por Jesus, sobre o
tema da oração. Neste caso, a ênfase é muito maior. Enquanto os
religiosos daqueles dias, e os atuais persistem em fazer da oração
uma das principais expressões exteriores de sua “fé”, o Mestre
ensina o oposto: “E quando vocês orarem, não sejam como os
hipócritas” (Mt 6.5). Sua proposta foi a não imitação da
pratica religiosa, porque o que eles faziam trazia louvores a si
próprios e não a Deus.
Jesus
nunca tratou a oração como um ato de exibição de poder ou
pretensa promoção pessoal. Para ele, oração era intimidade
pessoal, descrita numa relação tão estreita quanto a de pai e
filho. É um convite ao secreto: “... vá para o seu quarto,
feche a porta...” (Mt 6.6), à pessoalidade e ao anonimato. Não
há necessidade de gritos, muito menos de se preocupar com o tempo ou
com as absurdas listas de pedidos. Basta se achegar a Ele, sabendo
que “o Pai vê em secreto”.
O ensino
de Jesus simplifica muitas coisas que os religiosos complicam. A
religiosidade humana vive tão imersa em valores e praticas
triunfalistas, exibicionistas e carnais, a ponto de considerar
espiritual, coisas que o evangelho desconsidera. Nesse mundo de
tantas instituições, “lideres”, “modelos” e manifestações
publicas; as palavras do Sermão do Monte precisam ecoar entre os
eleitos de Deus. Não podemos nos curvar àquilo que não expressa
genuinidade cristã, muito menos aos ritos e vícios religiosos.
Aceitemos
o chamado à simplicidade, caminhando como anônimos, fugindo dos
holofotes das instituições religiosas e seus inúmeros apelos. O
foco divino é o nosso coração. Ele sabe o que nos motiva, e
desconsidera nossas ações, quando o exterior sobrepõe o “secreto”.
Riva
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